Cantora Lia Sophia mergulha no audiovisual com dois documentários inéditos; saiba mais
As obras audiovisuais estão em fase de finalização e podem estrear no segundo semestre de 2025

A cantora Lia Sophia já é reconhecida por suas canções que falam sobre a cultura paraense e a identidade amazônica, mas agora a musicista vive uma nova jornada artística, desta vez focada no audiovisual, com a produção das obras “Mulheres do Carimbó” e “Rios de Encantarias”, dois projetos que se aprofundam nas produções artísticas ancestrais e nos saberes que fazem parte do povo amazônico.
O curta-documentário “Mulheres do Carimbó” faz um resgate da produção musical realizada pelas mulheres da região amazônica, que historicamente tiveram que resistir para serem reconhecidas como atuantes na cultura regional. Segundo Lia, em entrevista ao Grupo Liberal, o trabalho nasceu da vontade de conhecer mais sobre a vida e obra dessas mulheres.
“Como compositora e produtora musical que trabalha com o carimbó, eu sempre fiquei muito curiosa para saber onde estavam as mulheres que fazem o que eu faço. A gente sempre escuta histórias sobre os mestres Verequete, Pinduca, Chico Malta, artistas que estão eternizados, mas eu queria saber das mulheres, quem são essas compositoras? Nas gravações, elas me contaram que há um tempo eram proibidas de tocar o curimbó, porque tem que sentar com as pernas abertas em cima do instrumento, e isso era proibido para a mulher. Apesar de muitas saberem tocar, elas eram proibidas. O documentário vai mostrar isso, e também como hoje existem vários grupos femininos se formando, compondo, tocando instrumentos. Tem grupos inteiros de mulheres fazendo isso pelo Pará, produzindo músicas e festivais, inclusive”, conta a cantora.
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No documentário, a artista conversa com mestras da música paraense, entre elas: Mestra Nazaré do Ó, Dona Onete, Mestra Jesus e Mestra Deia Palheta, que contam suas experiências na cena musical do carimbó. Para a cantora, o processo de produção do filme é um grande motivador para que ela continue sempre trabalhando pela cultura e pela arte.
“Me emocionou profundamente, porque eu vejo que a gente tem um futuro feminino. A gente tem uma voz feminina também nesse gênero, que fala da mulher — como a mulher que constrói, e não só como a mulher que dança, que é bonita — mas a mulher que tem força para transformar as coisas ao seu redor. E foi isso que essas mestras me mostraram. Me fortaleceu muito mais para seguir com o meu trabalho”, explica Lia.
“Rios de Encantarias”
é o projeto audiovisual de Lia que está mais próximo de ser lançado oficialmente. Trabalhado ao longo de sete anos, trata-se de uma série de cinco episódios que fazem uma imersão nas lendas e nos saberes amazônicos, transmitidos pelas pessoas que vivenciam diariamente a Amazônia.
“A ideia é traduzir a poesia do imaginário amazônico em imagens. Esse projeto surgiu a partir da leitura do livro ‘Cultura Amazônica: Uma Poética do Imaginário’, que é do poeta João Jesus de Paes Loureiro. Eu li esse livro e fiquei muito encantada, porque ele começa a falar exatamente das lendas e dos mitos, que envolvem o imaginário do ribeirinho e caboclo amazônico. Ele fala que esses mitos, as nossas lendas, são mitos vivos, que influenciam a vida das pessoas que vivem na Amazônia. Então o caboclo pede licença para entrar na mata, ele tem hora para entrar no rio, ele sabe o que significa um barulho que ouve no mato, no rio. Se tem um banzeiro, ele entende isso e respeita o movimento da natureza, respeita o movimento dos seres mágicos que vivem nas matas, nos rios. E ele vai explicando que isso influencia, é um fato social. As pessoas têm horários para fazer coisas porque respeitam isso”, conta Sophia.
“Rios de Encantarias estamos negociando com um canal de TV. Vamos ver se conseguimos fechar até o final do ano, no segundo semestre. Essa é a torcida. Mulheres do Carimbó a gente está finalizando, estamos na parte da pós-edição, montagem. Mas, se tudo correr bem, até o 2º semestre também vamos conseguir lançar”, explica também a cantora e compositora
Apesar de estar focada nos dois projetos audiovisuais, a paraense ressalta que a carreira musical segue com muitos projetos que em breve estarão disponíveis para o público.
“Tô preparando meu disco novo, que deve sair no próximo semestre, e também estarei na edição do The Town, com uma galera maravilhosa daqui. Vai ser o ‘Lambateria Baile Show’, com Félix Robatto, Carol Pedroso, vamos estar lá, neste palco que é super importante para a música do mundo. Eu também estou com um estúdio novo, que na verdade já existe há 20 anos e se chamava Apce. Ele ia fechar as portas, mas eu falei com a minha sócia e decidimos comprar o espaço, que agora se chama ‘Vida Criativa’. Então, para os meus parceiros artistas que queiram gravar seus discos, é só chegar junto!”, conclui Lia Sophia.
Trajetória
Lia Sophia nasceu em Caiena, na Guiana sa. Aos três anos, mudou-se para Macapá, onde teve contato com ritmos locais como batuque e marabaixo. Aos 16 anos, foi para Belém, onde conheceu gêneros musicais como carimbó e brega, além da música de artistas como Marisa Monte e João Gilberto. Foi nesse período que se consolidou como cantora de MPB. Em 2011, após uma carreira de sucesso em bares e teatros, lançou seu primeiro álbum, intitulado “Lia Sophia”. A canção “Ai, Menina” foi a que mais se destacou no trabalho, integrando a trilha sonora da novela “Força do Querer”.
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