Mestre Curica leva a guitarrada do Pará à África

Aos 82 anos, músico paraense participa do festival Master Cordas em Cabo Verde, celebrando a guitarra como elo cultural entre Brasil e África nas comemorações dos 50 anos de independência do país

Matheus Viggo

O som contagiante da guitarrada paraense vai atravessar o Atlântico e ecoar em solo africano. Aos 82 anos, com 67 dedicados à música, Mestre Curica se prepara para representar o Brasil na terceira edição do festival Master Cordas, que acontece nos dias 27 e 28 de junho, no Centro Cultural de Mindelo, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde. O evento faz parte da programação oficial que celebra os 50 anos da independência do país africano, e tem como objetivo valorizar a guitarra como elemento central da cultura musical cabo-verdiana.

“O que eu pretendo apresentar lá para eles é um pouco do meu trabalho, 67 anos de carreira. Eu comecei em 58 no conjunto do meu pai, formei os mestres da guitarrada, o que é que está me dando agora respaldo de aprender as músicas paraense”, conta o músico, reconhecido como uma das figuras mais importantes da guitarrada no Pará.

Natural de Marituba, município da Região Metropolitana de Belém, Curica reforça o orgulho de levar sua terra natal para o exterior: “Para mim é uma satisfação representar o nosso Pará, principalmente Marituba, que é minha terra natal.” No palco do Master Cordas, ele será acompanhado por cerca de 15 músicos locais e apresentará um repertório com cinco músicas autorais, entre elas Caribenha, Sonamânia e Vila Sorriso. “Eu vou mostrar meu trabalho, como eu toco sempre aqui, com muita dedicação, as músicas perfeitas. Eu pretendo agradar muito eles lá”, disse.

Com agens por palcos da Alemanha, Portugal, Holanda, México e outras localidades, Mestre Curica não é novato em apresentações internacionais. “Eu já fui por aí. Alemanha, Portugal, México, Amsterdam, Holanda. Eu apresentei um trabalho satisfatório que agradou todo mundo. É por isso que eu tô sendo escolhido. Do Brasil eu fui escolhido”, declarou.

O Master Cordas foi criado com o propósito de homenagear grandes figuras da música cabo-verdiana e promover o intercâmbio com outros países. Em suas duas edições anteriores, o evento prestou homenagens ao Professor Djick Oliveira e ao Professor Nhu Pipita (in memoriam). Em 2025, a homenagem será para o compositor, dramaturgo e professor Fulgêncio Tavares, conhecido como Ano Nobo, falecido em 2022.

A proposta do evento é reunir no mesmo palco os grandes nomes do violão de Cabo Verde, como Manuel de Candinho, Bau, Voginha, Kaku Alves e Palinho Vieira, e mestres internacionais da guitarra, promovendo a troca de experiências e o reconhecimento da guitarra como elo entre culturas.

No caso de Mestre Curica, essa ponte é feita a partir da tradição paraense, marcada por ritmos como carimbó, guitarrada e brega instrumental. Ao longo de sua trajetória, ele não apenas consolidou seu nome como instrumentista, mas também foi responsável por formar gerações de músicos no Pará.

Com presença confirmada entre os grandes mestres da edição, Curica leva ao festival a identidade sonora da floresta, feita de técnica, memória e emoção. Como ele mesmo diz, com humildade e confiança: “Eu vou apresentar meu trabalho. Eu acredito que eles vão ficar satisfeitos com o trabalho do Mestre Curica”, finalizou.

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