Israel x Irã: impactos na relação comercial com o Pará ainda são imprevisíveis

Representante do centro israelita no Pará e internacionalista avaliam futuro do conflito com incerto

Maycon Marte
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As tensões no Oriente Médio aumentaram após recentes ataques de Israel contra o centro do programa nuclear e a líderes militares do Irã na manhã desta sexta-feira (13). Ambos os países mantêm relações comerciais com o Pará, especialmente Israel, para onde exportamos mais de US$ 50 milhões somente neste ano. A internacionalista paraense Brenda de Castro, professora doutora na Universidade Estadual do Pará (Uepa) defende um cenário imprevisível e de isolamento político do governo israelense, mas ainda não vislumbra efeitos econômicos. Já o representante do Centro Israelita do Pará, Isaac Bentes, acredita que estamos vivenciando “dificuldades ageiras”.

A internacionalista explica que existe uma relação comercial desigual entre Israel e Pará, já que a importação superava a exportação, mas que o rompimento dessa dinâmica afetaria principalmente o país estrangeiro. No entanto, não podemos ignorar a necessidade dos insumos adquiridos de Israel para o funcionamento de setores produtivos como o agronegócio. “A gente importa bem mais do que exporta, principalmente fertilizantes, tecnologia e equipamentos militares”, pontua.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), registraram um volume médio de exportação do Pará para Israel de US$ 54 milhões, enquanto a média de importação se manteve em queda nos últimos dois anos. No acumulado deste ano, essa redução foi de aproximadamente 63%, o equivalente a US$ 18 milhões, na comparação com o mesmo período de 2024. Segundo a internacionalista, isso é um efeito direto do conflito, que torna a economia do país mais vulnerável. Embora avalie que “o desgaste político talvez seja o maior risco no momento e não apenas com Israel, mas também seus aliados, como os EUA”.

No caso do Irã, as relações com o Pará são menos expressivas,  se comparado com os resultados de Israel, com um valor de US$ 4 milhões em exportações de janeiro a maio deste ano. O número acompanha uma variação média de menos 88% em relação ao desempenho no mesmo período do ano anterior. Já as importações registraram apenas US$ 1 mil este ano.

Quanto a fragilidade das relações internacionais, o porta-voz do Centro Israelita do Pará, Isaac Bentes, defende que ainda não se pode medir as consequências do conflito. Ele lembra que a motivação por trás do que descreveu como um “ataque preventivo de Israel”, se baseia no avanço do programa nuclear iraniano para finalidades militares. Bentes também não descarta os impactos econômicos, mas sua expectativa é positiva.

“Situações de conflitos usualmente trazem grandes desafios para as atividades cotidianas, inclusive o comércio. Porém, acreditamos que essas dificuldades são ageiras e serão superadas, o mais breve possível”, afirma.

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Guerra e Isolamento

Em uma perspectiva mais ampla, a movimentação de entidades internacionais, como a Corte de Haia e o Conselho de Segurança da ONU, somadas ao tom crítico de outros países e até aliados históricos, o tornam cada vez mais isolado. Brenda destaca que esse cenário se instala desde as ofensivas em Gaza, e, após a tensão com o Irã, “a possibilidade de escalada para uma guerra sempre existe”.

“No entanto, é difícil afirmar categoricamente, visto que não é a primeira vez que as tensões e até mesmo ataques irrompem entre Irã e Israel. E depois acabam sendo amenizadas por negociações”, especula a internacionalista.

Segundo ela, a única diferença no cenário atual é o isolamento de Israel. O crescente isolamento de Israel, mesmo entre aliados tradicionais, e a judicialização do conflito na Corte Internacional de Justiça.

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